A retirada do benefício de redução de 40% sobre o Imposto de Importação de autopeças pode aumentar a importação de veículos montados para o país, desequilibrando ainda mais a balança comercial do setor automotivo, afirmou nesta quinta-feira o presidente da Anfavea (Associação dos Fabricantes de Veículos Automotores), Cledorvino Belini.
"Os produtos que têm menor volume de produção e maior de importação serão seriamente afetados, com aumento de custos que provavelmente serão repassados para os preços", afirmou. "O grande perigo é que esses produtos percam a competitividade [por conta do aumento] e passem a ser importados inteiros."
Nos primeiros quatro meses deste ano, foram licenciados 191.341 carros importados no país. O número corresponde a 18% de todas as vendas do setor no período (277.843). "A medida foi criada para reduzir deficit da balança de autopeças, mas nós podemos desequilibrar ainda mais a balança de veículos", disse Belini.
O número de veículos vindos do exterior deve fechar o ano, de acordo com previsões dadas pela entidade, com aproximadamente 580 mil unidades, contra 488,9 mil no ano passado. Já as exportações somarão 530 mil veículos.
A eliminação da redução entrará em vigor em seis meses. "As importações de autopeças vem crescendo rapidamente e o setor passou de superavitário para deficitário. O deficit em 2009 foi de US$ 2,5 bilhões. O redutor foi implementado há 10 anos, em um contexto diferente do atual", informou o Ministério da Fazenda.
Preços
Além da influência da nova medida do governo sobre os preços de veículos no país, o reajuste internacional no custo do minério de ferro, e consequentemente do aço, também deve gerar aumento para os consumidores.
"O aço é um problema. O aumento de custos [do minério de ferro] reflete nas nossas usinas, e isso faz com que elas tenham que aumentar o preço do aço no Brasil. Isso significa produtos mais caros", afirmou Belini.
O percentual de reajuste de preços, porém depende de cada montadora, de acordo com o presidente da Anfavea.
A entidade divulgou hoje que foram produzidos no mês passado 289.997 veículos no país, ante 339.579 (dado revisado) em março --o melhor mês da história do setor, beneficiado pela corrida dos consumidores às lojas em função do fim do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) menor.
As exportações tiveram acréscimo de 78,3% no acumulado do ano (217.779 unidades). Em abril (471.139 unidades), as vendas para o mercado externo caíram 32% ante março e subiram 34,8% frente ao mesmo mês em 2009.
O número de empregados nas montadoras somou ao final do mês passado 128.840 trabalhadores, quantidade superior à registrada em março (127.909, dado revisado), ainda abaixo do contabilizado em outubro de 2008 (131.717), quando houve o agravamento da crise internacional.
Nenhum comentário:
Postar um comentário