Apesar do fim do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) reduzido, as vendas de veículos no país bateram recorde em abril, registrando o melhor desempenho para o mês na série histórica, segundo os dados adiantados nesta sexta-feira pela Anfavea (associação das montadoras).
Até ontem (29), foram licenciadas 261.063 unidades, chegando bem perto do melhor resultado até então (261.246), contabilizado em 2008. A expectativa é alcançar 280 mil com os emplacamentos feitos hoje, de acordo com o novo presidente da entidade, Cledorvino Belini, que toma posse à noite para um mandato até 2013.
"Abril é um bom mês, considerando a média diária [13.740 veículos] e a sazonalidade", afirma o executivo, que também comanda a Fiat na América Latina.
Em março, melhor mês em vendas e produção da indústria automobilística, foram licenciadas 353.738 unidades, com média diária também recorde (15.380).
Parte das vendas de março deve ser contabilizada em abril devido à corrida dos consumidores às concessionárias nos últimos dias, para aproveitar o benefício fiscal, levando a contabilidade dos emplacamentos para abril, além do estoque em algumas lojas.
Os números englobam automóveis, comerciais leves, ônibus e caminhões. No acumulado do ano, até o dia 29, foram licenciadas 1,05 milhão de unidades, patamar já superior ao melhor primeiro quadrimestre da indústria (909,2 mil), em 2008.
A partir de abril, os carros a álcool ou flex de mil cilindradas tiveram a alíquota do IPI elevada de 3% para 5%. Já nos de até 2.000 cilindradas, o percentual passou de 7,5% para 11%. Para caminhões, a isenção do tributo permanece até junho, quando a alíquota retorna a 5%.
O incentivo, concedido em dezembro de 2008 e que até o final de 2009 valia também para os carros a gasolina, foi uma das principais medidas tomadas pelo governo federal para combater os efeitos da crise econômica e estimular as vendas no setor.
A medida surtiu efeito, e os emplacamentos apresentaram um acréscimo de 11,4% no ano passado, registrando o terceiro recorde anual consecutivo.
Investimentos
De acordo com Belini, os investimentos da indústria automobilística brasileira entre 2010 e 2012 devem totalizar US$ 11,2 bilhões, bem acima do triênio anterior (2007 a 2009), quando ficaram em US$ 8,1 bilhões.
Os recursos serão direcionados para o desenvolvimento de produtos, tecnologia e melhoria de processos, mas o dirigente não detalhou em quanto seria ampliada a capacidade instalada do setor, que atualmente está em 4,3 milhões de veículos.
No ano passado, foram produzidos 3,2 milhões. "Já somos um grande ´player´ no presente, mas temos que estar estruturados para a realidade com os novos emergentes", ressalta.
Para Luiz Carlos Mello, coordenador do CEA (Centro de Estudos Automotivos), esses aportes demonstram que a indústria acredita que o mercado vai responder a isso. "Investir em países que têm mercado interno com potencial grande é uma segurança", comenta.
Ao se posicionarem em locais como Brasil, China e Índia, completa, essas montadoras se protegem para o futuro, já que, além da demanda doméstica, "o custo de produção é muito mais atraente do que nos países onde estão as matrizes dessas empresas".
Sobre os inúmeros anúncios de recall do setor automotivo, Belini preferiu destacar o lado positivo, do "respeito ao consumidor". "A empresa sabe o quanto custa construir uma marca", diz. O executivo descartou os sucessivos recordes de produção como possível causa das falhas, ressaltando que os processos de fabricação "garantem a qualidade dos produtos".
Questionado sobre o impacto do aumento do preço do aço no valor dos carros, ele reiterou o que já vinha sendo dito pelo antecessor, Jackson Schneider. "Cada montadora tem seu ´timing´. É um aumento de custo [para as empresas], mas, se vai ser repassado para o consumidor ou não, é o mercado que vai dizer", afirma, lembrando que há diferença do reflexo, por exemplo, de acordo com a tecnologia embarcada em cada produto.
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